Saruel são umas calças que andam na moda este verão. Já as via em anos anteriores nos festivais, mas este ano chegaram à cidade. Aceito bem as calças de panos de padrões coloridos, mas quando passaram o conceito para os jeans... Parece uma fralda! Como alguns gostam de usar as calças na anca mostrando os boxers de marca, as calças saruel são as indicadas. Dão a entender que estão a cair, mas apenas é um tecido em excesso que vai roçando nas pernas. Os ingleses chamam-lhes "drop-crotch", os Madness cantavam as "baggy trousers" nos anos 80. O conceito de rebeldia está implícito naquela forma de chamar a atenção. O pior é quando passam para a roupa do dia-a-dia.

Li sobre este tipo de calças e são mais antigas que eu pensava. Fazia parte do uniforme do exército francês que patrulhava no norte de África no século XIX. O exército Zouave utilizava a tecnologia da região para aguentar o calor, especialmente entre as pernas.
Essa tecnologia saltou para o século XXI. O mais aproximado que tive, foi no Judo, com umas calças do mesmo género que deixavam espaço para a flexibilidade, fortes puxões e frescura. Talvez seja isso que precisamos de usar para usar no metropolitano todos os dias.
Pintura daqui: Vincent Van Gogh - O Zouave


Tratava-se de um corpo que boiava junto. Momentos se seguiram de agitação e nervosismo. O som do mestre do ferry alertou, meio atabalhoado, a explicar que estava um corpo na água e teríamos que esperar pela polícia marítima. Enquanto alguns foram buscar mais umas cervejas (os ferries têm café) outros como eu, resolveram comer um geladinho. Vinha do ginásio e cheio de fome. Os gelados venderam-se bem. Depois foi meia hora de conversas, hipóteses... Aliás, é um cenário, onde se pode estudar alguns comportamentos. Há os que correm para ver, numa curiosidade mórbida, e outros que procuram acalmar com piadinhas. Gosto dos que puxam da cabeça e falam sobre as mais diferentes hipóteses. Só faltava tirar fotos, porque todos faziam o relato em directo para familiares e amigos pelo telemóvel. A embarcação tentava manter-se estável, mas o movimento de pessoas a circularem de estibordo para bombordo (agora já sei quais os pontos do navio!) parecia uma feira.Só às 20h35 conseguimos atracar no Barreiro depois do aparecimento da lancha da polícia marítima. Foi uma meia hora de quebra-rotina. Não cheguei a espreitar para matar a curiosidade que não era nenhuma. O tempo foi aproveitado para ver todo o espectáculo que rodeia estes incidentes. Se houvesse viaturas a atravessar o rio, já haveria fila para espreitar o corpo a boiar no Tejo.