O ginásio onde vou, anda insuportável com tanta gente. O calor a apertar e a clientela a subir. Porque só se lembram de fazer exercício físico nesta altura. Ainda por cima têm de fazer contratos anuais. Esta é a altura de fazer as dietas, correr nas passadeiras que nem loucos (gostam pouco de bicicletas e das máquinas de remo) e encher os balneários. A imagem torna-se o mais importante, os espelhos e as balanças vão ficando gastos do uso. Encontrar um cacifo torna-se um problema e arranjar um espaço para mudar de roupa um desafio. Toalhas, sacos, ténis, tudo tem de caber naquele pequeno espaço. Levamos com o desodorizante do tipo que está ao lado e pedimos licença para nos sentarmos onde estava uma toalha molhada. Quando termina alguma aula é ainda pior. A espera para o duche, os lavatórios ocupados com gente a fazer a barba, pentear, pôr cremes, olhar para a barriga que se mantém fiel à gordura e à procura de definição nos biceps. Com esforço e luzes adequadas, todos parecem atletas.
O ginásio é também uma passerelle. Há que ver e ser bem visto. Calções e tops sensuais e nada de t-shirts a fazer anúncios a tintas ou restaurantes nas costas. Há uma estética que cada ginásio cultiva. Muito suor a escorrer, uns olhares mais demorados e o pessoal se desconcentra a contar as repetições. As passadeiras continuam ocupadas e há que andar de olho no "Leg curl" ou no "Upper back". Mais um dia de suor e de nos queixarmos do peso extra.
Até ao verão, o trabalho é no ginásio. Depois... depois é praia, cerveja, marisco e gelados.