Depois de algum tempo sem postar nada no blogue, volto com um tema que observo diáriamente - a gentrificação dos velhos bairros de Lisboa. Assunto polémico mas que afecta muitas pessoas, pequenos negócios e a vida social.
No festival de Óbidos "Latitudes" tive oportunidade de conversar com dois sketchers catalães, a Maru Godas e o Lluïsot. Um dos assuntos foi sobre o problema de Barcelona e a constante mutação dos bairros típicos. Eles juntam-se para desenhar as lojas que existem antes do seu desaparecimento e é isso que espero conseguir fazer também em Lisboa, no bairro onde trabalho.
No início de Setembro, na mercearia do Sr. Zé fiquei a saber que, ele e a mulher terão de saír do prédio até ao final do ano. Na rua onde trabalho, um investidor comprou uma série de edificíos para converter em hotéis e apartamentos. Nesta rua, paralela à Avenida da Liberdade, tenho assistido a grandes mudanças. Os turistas sobem e descem, há muitos hostels, restaurantes mais gourmet e as velhas lojas vão acabando.
Nesta mercearia, cujos donos estão ali há mais de 40 anos, compro a fruta para comer a meio da manhã. É com tristeza que os donos falam que terão de se mudar. Vão tentar manter-se no bairro, pois os seus clientes são todos dali. Não vejo mal na recuperação dos edifícios, mas não transformem tudo em hoteis.
A D. São que se encontrava à varanda pensava que eu era um funcionário da CML, de caderno na mão. Gostaram muito do desenho que fiz.