sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Lisboa que vai mudando I

Depois de algum tempo sem postar nada no blogue, volto com um tema que observo diáriamente - a gentrificação dos velhos bairros de Lisboa. Assunto polémico mas que afecta muitas pessoas, pequenos negócios e a vida social. 

No festival de Óbidos "Latitudes" tive oportunidade de conversar com dois sketchers catalães, a Maru Godas e o Lluïsot. Um dos assuntos foi sobre o problema de Barcelona e a constante mutação dos bairros típicos. Eles juntam-se para desenhar as lojas que existem antes do seu desaparecimento e é isso que espero conseguir fazer também em Lisboa, no bairro onde trabalho.


No início de Setembro, na mercearia do Sr. Zé fiquei a saber que, ele e a mulher terão de saír do prédio até ao final do ano. Na rua onde trabalho, um investidor comprou uma série de edificíos para converter em hotéis e apartamentos. Nesta rua, paralela à Avenida da Liberdade, tenho assistido a grandes mudanças. Os turistas sobem e descem, há muitos hostels, restaurantes mais gourmet e as velhas lojas vão acabando.
Nesta mercearia, cujos donos estão ali há mais de 40 anos, compro a fruta para comer a meio da manhã. É com tristeza que os donos falam que terão de se mudar. Vão tentar manter-se no bairro, pois os seus clientes são todos dali. Não vejo mal na recuperação dos edifícios, mas não transformem tudo em hoteis.

A D. São que se encontrava à varanda pensava que eu era um funcionário da CML, de caderno na mão. Gostaram muito do desenho que fiz.

2 comentários:

Miú disse...

Viva, Henrique, até que enfim de volta!
E logo com um tema tão actual. É verdade, as cidades ditas de turismo vão perdendo a sua identidade e, afinal, aquilo que as faz merecedoras do tal turismo... É a pescada de rabo-na-boca... :)
Belo desenho, by the way (para que os turistas nos compreendam, eheh!)

Henrique Vogado disse...

Estava custoso. E agora com a acessibilidade do Instagram, as estórias mais profundas vão ficando para trás. Mas vou pôr o blogue em dia.
Na rua onde trabalho, são cada vez mais hoteis e hostels. Os turistas daqui a uns tempos não tem nada para passear. Estas pequenas ruas têm mais colorido com as pessoas daqui, as suas memórias, a convivência. Cada vez mais se ouvem as rodinhas das malas de viagem, rua acima e rua abaixo.

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