Uma professora de Mirandela ficou na boca de todos. Edições esgotadas da Playboy para ver como é uma professora por dentro. Comentários a favor e contra o seu afastamento, por causa do "alarme social" na localidade. A Câmara Municipal teve de actuar antes que houvesse uma revolução e ninguém fizesse mais nada que comentar sobre e lá se ia a produtividade no trabalho. E o respeito nas aulas de música.
Por mim, é sempre bom que haja assuntos destes que mexam com ideias e preconceitos. Para alguns é um abuso e para outros um caminho ainda longo para trilhar.
Ouvi também falar de uma entrevista do passado 15 de Maio, na revista do DN, em que o herdeiro ao trono português, Dom Duarte Pio, falava sobre os seus 65 anos de vida e da situação actual em Portugal. E eis que partiu a loiça nesta parte:
Convidado a falar sobre Educação e questionado sobre se «o país está mais preocupado com as causas fracturantes do que com a realidade?», o Duque não tem dúvidas.
«Claro! Tornar obrigatório o ensino da educação sexual resume-se a dizer: forniquem à vontade, divirtam-se, façam o que quiserem mas com higiene. Praticamente é só isso, em vez de dar referências éticas e morais em relação ao desenvolvimento de uma sexualidade saudável. Ao mesmo tempo, desencorajam-se as aulas de educação moral e estamos a dizer que a moral não tem importância, que só a sexualidade livre é fundamental para a felicidade dos portugueses».
Parece-me que se trata de uma opinão de uma pessoa que pensa que estará tudo perdido com a educação sexual. Que todo o mundo anda numa orgia selvagem e que ninguém liga a nada. Pelo contrário, quanto mais educação sexual houver, mas informação e consciência há para fazer sexo bom e seguro. Mas continua a ser complicado falar sobre estes assuntos. Podia ter escolhido uma expressão mais suave e não tão literária. Não gosto da expressão e não concordo com a posição dele. Penso que o Duque podia ter sido mais polido e assim só mostrou que fecha os olhos ao assunto.
Quanto mais silenciado, mais embaraço há. Mais desinformação e falta de educação na prática do sexo. Mais revistas se vendem pelo voyerismo de um assunto que todos pensam, mas poucos falam. A professora já pede 2 mil euros por entrevista. Um assunto banal que por ser tabu, vale dinheiro.
Também recentemente, a realizadora Raquel Freire na sua crónica na Antena 1, falou sobre masturbação feminina e viu o assunto ser levado ao provedor do ouvinte, por se tratar de um assunto complicado de ser falado às 09h45 da manhã e haver algumas sensibilidades. Respeito as pessoas que se sentem embaraçadas, mas acho que quando se tentam quebrar barreiras e se procura que haja informação, ela deva ser dada como serviço público nos meios de comunicação e nas escolas.
Gosto de ouvir a crónica sobre Sexualidades do Júlio Machado Vaz e da Inês Meneses aos domingos de manhã na mesma rádio e calculo que também haja embaraços entre alguns ouvintes, mas trata-se de informação bem dada e pedagógica.
A Sexualidade faz parte da vida das pessoas. Devemos falar dela, construtivamente para evitar "alarme social".
Imagens do pintor Búlgaro Peter Mitchev, retiradas daqui.
1 comentário:
estes assuntos são tratados como o ditado: "o fruto proibido é o mais apetecido"
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