sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Polémica na Baixa de Lisboa


Li uma notícia no Público sobre o risco de fecho da casa "ginginha sem rival" nas Portas de Santo Antão em Lisboa. Passo por esse local todos os dias e vejo sempre com muitos turistas. É mais um caso para acrescentar à polémica sobre o futuro de Lisboa. Tem havido muita construção de hoteis de luxo na Baixa, com o despejo de lojas antigas desses edifícios. Se por um lado vejo que essas obras reabilitam edifícios que estavam muito degradados, por outro lado desaparecem algumas lojas tradicionais que não existem em mais lado nenhum. E muitas vão sendo substituídas por lojas de "souvenirs" baratos que não ficam nada bonitas.
Espero que estejam a fazer contas ao número de hoteis que surgem e o que os turistas irão ver da cidade. Se a Baixa ficar toda bonita e cheia de hoteis, o que haverá para ver sem ser as lojas que existem em todos os países. Os turistas vêm ver o que é diferente, os cafés e restaurantes com comida portuguesa, as retrosarias, as lojas de vinhos e conservas (são lindas!) e a vida quotidiana dos lisboetas.
Na minha opinião, as ruas deveriam ser pensadas em todas as vertentes. Os hoteis são necessários, mas também as lojas que são parte da cultura. Há também lojas completamente obsoletas e que se arrastam.

Corremos o risco de ver ruas tão caras e de luxo que não há onde almoçar fora ou comprar produtos de mercearia. Quem morar no centro terá de saír para os arredores para ir às compras?
Outro aspecto que não anda longe desta polémica é o tipo de pavimento a usar na cidade. A calçada tradicional é linda, mas estando degradada é um risco para uma queda e há muitos casos. Já vi como ficou a rua da Vitória com um pavimento de pedra grande que ficou mesmo liso e excelente para quem anda de sapatos altos. Promete aumentar a discussão.

Vivemos numa época em que felizmente Lisboa está nos roteiros e melhores destinos internacionais. Vamos acarinhar isso e pensar com cabeça sobre o futuro da cidade. Temos que nos virar para o turismo cultural e gastronómico, porque infelizmente o turismo de sol e praia cada vez vai ser mais complicado com as praias a ficarem sem areia.

Desenho: Um dos sinos da Igreja de São Nicolau, na esquina da rua dos Douradores com a rua da Vitória, em Lisboa.

1 comentário:

Rosário disse...

Concordo com tudo. Uma amiga minha pubicou um livro "Licores de Portugal" e faz um levantamento dos sítios onde ainda se pode beber giginha em Lisboa e essa é uma delas.

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