As travessias diárias de barco têm sido propícias para desenhar outros ângulos e locais.
Tento captar mais as pessoas de pé, à espera ou na conversa e os movimentos são mesmo um desafio.
Ontem, enquanto desenhava mais uma pessoa, um homem que estava a ver o que eu fazia, quis falar comigo. Normalmente, as pessoas disfarçam que estão a espreitar, mas este estava bem descontraído.
Quando acabei, disse-me que estava bom e perguntou se eu fazia aquilo apenas no barco ou noutros locais. Tenho mais desenhos no barco, porque o tempo proporciona. Mostrei-lhe alguns do meu diário gráfico e disse que não tinha jeito nenhum para o desenho. Que ficava horrível. Continuava a achar engraçado o facto de o fazer ali.
Quando o barco atracou, despediu-se, apertámos a mão e deu-me os parabéns.
Gostei do comportamento dele. Quantas vezes não apetece perguntar à pessoa ao lado se o livro é bom ou pedir para ver o desenho. Ele soube esperar e saciou a curiosidade. Faltou incentivá-lo a experimentar desenhar de novo. Não dá para desistir logo à primeira.