sexta-feira, 7 de março de 2014

Arqueologia na Baixa de Lisboa II


Outro dia tive um pouco mais de tempo no caminho para o trabalho e consegui desenhar rapidamente o cenário de uma escavação no antigo convento Corpus Christi, na Baixa de Lisboa.
Impressiona ver duas caveiras à espreita no chão de terra, com uma delas mesmo de frente para mim. Muitas ossadas misturadas que ficaram em entulho da época do Terramoto de 1755 e de toda a destruição causada.

Antes todos eram enterrados nas igrejas, prática que só foi alterada no século XIX com a obrigação de criar cemitérios ao lado das igrejas como medida de higiene. Grande polémica na altura com os familiares a quererem manter a tradição dos enterros nas igrejas.

Por vezes encontro a equipa que lidera a escavação e aprendo algumas coisas numa troca de impressões. Quando lhes perguntei se não lhes faz impressão mexer em ossadas, respondem que é mais difiícil quando encontram objectos pessoais como roupa ou sapatos. Mas mantendo a concentração científica no trabalho, a pesquisa sobre como viviam os nossos antepassados continua. E vou passando diariamente a acompanhar os trabalhos.

2 comentários:

Filipe Duarte Almeida disse...

Uma visão privilegiada para estas actividades.
Normalmente no desenho fazemos como que uma arqueologia preventiva, ou seja, muitas vezes desenhamos um local que acaba por se transformar mais tarde e ficamos com o registo de como era antes.

Henrique Vogado disse...

Tenho um caso de um edifício todo degradado na rua do Telhal que desenhei no verão passado e que já vi que está com andaimes e em reabilitação. Provavelmente irei desenhar depois de pronto e verificar as transformações ocorridas.
O registo anterior fica nos cadernos.

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