segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Olimpíadas Psicológicas

O atleta Arnaldo Abrantes, esta madrugada, fez a prova dos 200m e ficou pelas eliminatórias. Normal para um estreante e com tão grande qualidade de atletas presentes. Pena, Francis Obikwelu não ter participado, pois acho que esta é a especialidade dele, em vez dos 100m.
Achei curioso, a explicação que o atleta deu por ter feito um tempo longe do que já fez. Diz que bloqueou com a imagem do estádio cheio. Que só havia visto estádios tão cheios, como espectador de futebol.
Esta declaração é semelhante à nadadora Sara Oliveira, que na primeira prova dos 100m mariposa, sentiu o "peso" da assistência e do ambiente olímpico.
A preparação de um atleta não é só física, também deve ser ao nível psicológico. Eles chegam a palcos destes e ficam encolhidos. Sentem-se pequenos e bloqueiam.
A sensação é de que há atletas que vão para os Jogos Olímpicos, como se fossem visitar a Expo 98 e o exotismo das nações e grandes provas desportivas.
É pena, pois acabam por desistir e começam a bloquear toda a carreira do atleta. Sei que no atletismo, em Portugal, a assistência é mínima. Pouca gente assiste às modalidades amadoras e depois em provas internacionais ficam amedrontados com a importância dos jogos e a quantidade de pessoas, tanto nos estádios, como no mundo que estão a assistir. Muita pressão. Um atleta deve-se concentrar na prova, nos adversários e no fim da prova apreciar o espectáculo onde esteve. Na pista, no tapete, dentro da piscina, não há público, apenas atletas.
O caso do Michael Phelps, tem milhões de olhos a vê-lo, é falado em todo o mundo. A pressão sobre o seu desempenho é fortíssima e ele sai de Pequim com 8 medalhas de ouro. Realmente é um atleta do Olimpo e entra para a história.
Quanto aos atletas nacionais é necessário analisar bem a questão psicológica que também afecta alguns futebolistas quando vão a grandes provas europeias. Não sei como seria o comportamento de alguns dos jogadores da selecção se estivessem chegado à final do Europeu. Alguns bloqueariam e ficariam "lesionados" em termos psicológicos. Vemos como ficam quando falham um penalti importante.
Espero que o velocista Arnaldo Abrantes amadureça para os Jogos de Londres em 2012. Merece mais oportunidades pelo trabalho que ele vem desenvolvendo. Meses atrás li uma reportagem sobre ele e o pai que também foi velocista em Seul, em 1988. Há que aprender com os erros e pensar para o futuro.

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