sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Passagem de Ano

Outro dia contaram-me uma história sobre uma aldeia em cuja ponte romana se fazia uma competição. Na passagem do ano, os jovens pegavam numa corda e na outra ponta estavam os mais velhos. Simbolizava a luta entre o ano novo e o ano velho. Era mau presságio quando os mais velhos conseguiam puxar os mais novos para o lado deles da ponte. Significava que o ano seguinte seria pior que o ano que terminava.
Gostei do simbolismo da prova, especialmente nos tempos em que havia mais novos nas aldeias e provavelmente ganhava sempre o "Ano Novo".


Hoje em dia, seria mais dificil fazer a mesma prova numa das muitas aldeias que procuram sobreviver com a falta de população. Mas, felizmente aparecem novas tradições para que olhemos para o ano novo sempre com esperança, vontade e com alegria.

Assim, desejo a todos uma boa passagem de ano e que em 2011, o espírito se mantenha jovem em todas as idades. Muitos e bons desenhos!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Assalto aos Aeroportos Europeus

No dia de Natal, vi as imagens de passageiros que dormiam no chão dos aeroportos de Londres. Já é difícil o tempo que perdemos num terminal de voos, mas passar o Natal assim é horrível. Imagino as pessoas a telefonarem para os familiares, a comerem sandes de queijo e a beber cafés de máquina enquanto esperam por um avião que levante voo no meio dos nevões.


Estão sempre a fazer pouco da organização latina dos países candidatos à ajuda do FMI, mas desta vez foram os aeroportos franceses, ingleses e alemães a mostrarem a péssima hospitalidade e organização, numa das quadras de Natal mais frias dos últimos anos. Nem o John McClaine teria um tratamento tão mau no filme "Assalto ao Aeroporto".
A realidade ultrapassa a ficção e sem o uso de armas, temos centenas de aviões parados, "reféns" a comer sandes e no chão, as autoridades impotentes face às exigências da neve e do gelo e sem autocarros ou comboios para evacuar as pessoas.

Se os invernos continuarem a ser mais frios, optem pelo Natal no dia do nascimento de Jesus, que seria a 17 de Abril, conforme vi num documentário. E ainda por cima 6 anos antes. Assim, estaríamos em 2016 e provavelmente livres da crise, mas isto são outras loucuras.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Desenhos de todos os dias #5

Este desenho foi feito na estação fluvial do Barreiro num dia de muito nevoeiro. Os horários ficaram todos alterados e não restava mais nada senão esperar.
 

Tudo à espera de ver a imagem do Ferry a chegar, qual D. Sebastião. Ao pé de mim jogava-se às cartas, lia-se revistas ou avisos de atraso pelo telemóvel. Algumas queixas para o ar, mas o pessoal manteve a serenidade.
Foi uma meia hora à espera e aproveitei para desenhar um pouco.

O Inverno complica as viagens com o tempo de chuva ou o nevoeiro. Felizmente o metro mantém-se quente e rápido, mas para a travessia do Tejo, há que confiar nos radares e na experiência dos mestres.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Falta açúcar no meu café

Têm sido uns dias doces a falar da falta do açúcar nos supermecados. E as notícias a assustar sobre o máximo de pacotes que cada cliente pode comprar. Ainda hoje ouvi no telejornal, a dona de uma mercearia a comentar sobre uma cliente que mensalmente leva 3 kgs de açúcar e que hoje teria levado 10 quilos! Depois da especulação dos mercado financeiros, da subida do gasóleo (Tá caro!), agora há pessoal a comprar muito para depois... vender? Vender mais caro às pastelarias?


Imaginar um futuro com os tipo no Bairro Alto a venderem haxe de um lado e no outro uns pacotinhos de açúcar.
Por um lado, até era bom que o açúcar escasseasse. Já viram as toneladas que colocam em cima dos bolos-rei para pesarem mais. E aqueles bolos com recheio de ovo com mais uns pós daquele açúcar branco, que só faz é sujar as roupas e espirrar quando os trincamos.

Mas os media adoram estas notícias com aspecto insólito. "Falta açúcar para o Natal" ou "Já só podem levar 3 pacotes". Eu sou muito guloso e em casa ainda tenho meio pacote de quilo com 1 ano. Temos nos habituar a menos doce nas sobremesas. E também nos cafés. Cada vez que peço um, acompanham sempre com 2 pacotinhos - eu ponho meio.
A vida deve estar muito amarga para exagerarmos no açúcar. Ponham mel no café!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Desenhos de todos os dias #4

Mais um desenho feito ao final do dia. Os dias curtos dão outro ambiente na volta do trabalho. Não se vê o Tejo, a noite está a fazer reflexos nas janelas. O frio e alguma chuva dificultam o acto de desenhar. O casaco e a roupa extra atrapalham os movimentos, mas há sempre alguma coisa a surgir no papel.


Apetece mais a leitura. Tenho comprado a Courrier Internacional. As reportagens de diversos jornais estrangeiros, que a revista traduz,  dão uma visão mais global de assuntos que nos passam ao lado diáriamente. Ainda só li um artigo, este mês,  sobre a chamada "Geração Y" (nascida em 1980 e 2000).
No mês passado gostei dum artigo sobre o envelhecimento da Europa e a função do líder da Líbia em filtrar a entrada de emigrantes africanos. Evitando a entrada de milhares na "fortaleza europeia". Em troca pede uns milhões. Tudo artigos que nos fazem pensar. Mas não deixo de desenhar de vez em quando nestas travessias diárias.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Num dia separados e no outro juntos.

Ontem foi feriado nacional, o 1º de Dezembro. Uma homenagem aos nobres que em 1640, se revoltaram contra o governo do Filipe IV de Espanha. A partir dessa data deixámos de estar integrados no império espanhol. Para nos lembrarmos dessa separação e da independência que tanto apreciamos, anualmente, festejamos este dia com as compras de Natal e uma ponte se o feriado fôr à quinta-feira. Poucos devem pensar no significado do dia, mas como é feriado, tudo bem.



Hoje, dia 2 de Dezembro, os primeiros-ministros de Portugal e Espanha, estão juntos em Zurique para mostrar como somos 2 países amigos e capazes de realizar um evento mundial. Curioso como no dia a seguir a homenagearmos os dissidentes, estamos ansiosos para que os nossos dois países sejam os vencedores da escolha da organização do Mundial de Futebol de 2018.
Tantos séculos depois da imagem que temos de Espanha, cada vez mais nos viramos para eles para conseguir alguma presença a nível mundial. Em tempos de crise, há quem pense em juntar esforços para uma União Ibérica, outros pensam que nos safamos melhor sozinhos e mais pequenos. Veremos o que nos reserva o futuro e o qual o motivo para termos TGV para Madrid. Ainda há razão para comemorar o 1º de Dezembro?

Logotipo daqui.
Mais informação sobre os outros candidatos aos mundiais de 2018 e 2022.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Falta-nos confiança para fazer coisas bonitas

Assisti um pouco ao jogo de hoje, entre Portugal e Espanha e gostei. Portugal deu 4 à selecção campeã da Europa e do Mundo. O jogo no âmbito de uma campanha para a realização em conjunto, do Mundial 2018/2022, fez-me ver que com uma equipa confiante os resultados aparecem.

A equipa tem algumas alterações, especialmente no líder e foi o suficiente para mostrar o gozo, a paixão que aqueles jogadores têm para jogar em conjunto. No Mundial, a confiança, a desorientação não estava na África do Sul e sofremos para saír de lá com alguma dignidade.


É um pouco essa a visão que temos de passar para o resto. O que este país ainda consegue fazer para se elevar do buraco que nos colocámos, quando tudo parecia fácil. Agora é necessário, procurar os melhores líderes e fazer funcionar a equipa que todos somos. Por enquanto somos um conjunto de pessoas, com ideias diversas, muitas acusações e disparos para todos os lados. Precisamos de estar virados para o mesmo lado e pensar neste país com alguma confiança.

Acabo esta noite cheio de ideiais, que de manhã já se sumiram. Mas alguma coisa fica e acho que temos equipa para continuar a jogar sem a intervenção de equipas estrangeiras. O FMI não é um personal trainer, somos nós que temos que nos pôr em forma.

domingo, 7 de novembro de 2010

Desenhos de todos os dias #3

Uma rapariga no barco dormia com a cabeça tombada e fiz o resto.
O meu interesse estava primeiro no homem encostado, mas a cabeça tapou.
Nestes desenhos diários há observar bem e desenhar bem rápido.
Em 5 minutos o corredor fica cheio de pessoas, prontas a saírem, quando o barco está para encostar ao cais.

sábado, 6 de novembro de 2010

Parar para observar

Andamos todos na discussão sobre o problema do país, da crise, dos políticos... Isso é uma coisa que os portugueses sempre fizeram bem - Discutir. Podemos passar horas a discutir um jogo de futebol ou em reuniões de condomínio, mas as decisões não aparecem. Falamos, falamos, falamos.


Lembrei-me disto por causa de uma crónica da Helena Matos, no jornal Público da passada quinta-feira, dia seguinte à votação do Orçamento de Estado.
A crónica a certa altura referia-se à visita do Presidente da China a Portugal este fim-de-semana, com uma estória sobre 9 portugueses que estavam presos na China em meados do século XVI.
A estória que surge no capítulo 115 do livro Peregrinação do Fernão Mendes Pinto, refere-se a 9 homens que estando presos não se lembraram de melhor que discutirem sobre quem "tinha melhor moradia na casa de el-rei nosso Senhor, se os Madureiras se os Fonsecas". É curioso como ainda mantemos o vício de arranjar discussões sem nexo com os problemas actuais à nossa volta.
Com o Porto x Benfica e o caso "Face Oculta", duvido que este fim-de-semana alguém se lembre da razão da visita do Presidente da China ao nosso país.
É melhor parar para observar e pensar no futuro.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Passageiro curioso

As travessias diárias de barco têm sido propícias para desenhar outros ângulos e locais.
Tento captar mais as pessoas de pé, à espera ou na conversa e os movimentos são mesmo um desafio.


Ontem, enquanto desenhava mais uma pessoa, um homem que estava a ver o que eu fazia, quis falar comigo. Normalmente, as pessoas disfarçam que estão a espreitar, mas este estava bem descontraído.
Quando acabei, disse-me que estava bom e perguntou se eu fazia aquilo apenas no barco ou noutros locais. Tenho mais desenhos no barco, porque o tempo proporciona. Mostrei-lhe alguns do meu diário gráfico e disse que não tinha jeito nenhum para o desenho. Que ficava horrível. Continuava a achar engraçado o facto de o fazer ali.
Quando o barco atracou, despediu-se, apertámos a mão e deu-me os parabéns.

Gostei do comportamento dele. Quantas vezes não apetece perguntar à pessoa ao lado se o livro é bom ou pedir para ver o desenho. Ele soube esperar e saciou a curiosidade. Faltou incentivá-lo a experimentar desenhar de novo. Não dá para desistir logo à primeira.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Conversas imaginadas 1


Pego nos desenhos que faço diáriamente na travessia do Tejo e por vezes acrescento algumas coisas que vão pelo meu pensamento. A coitada da senhora ficou com o a minha questão sem saber que lhe fiz isto.

Anda meio mundo a pensar na crise. Outro dia ouvi 2 tipos a falarem em emigrarem para a Suiça. Cada português que emigra é menos um elemento desta equipa nacional e mais uma "exportação".
Nos piores momentos aparecem ideias, soluções e até líderes, que escasseiam.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

BD da Amadora começa hoje.

Mais um festival de BD da Amadora. A 21ª edição é dedicada ao tema do centenário da República. Gostei do cartaz deste ano do Richard Câmara. Muito apelativo e criativo com os símbolos da 1ª república.


Não sei se vai dar para passar lá este fim-de-semana, mas no outro sábado espero lá ir buscar o novo livro assinado do Ricardo Cabral, que será lançado neste festival. É sobre o Kosovo e estou curioso para conhecer. Gostei muito do livro anterior, Israel.

 

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Os "calhambeques" no Barreiro

Para responder ao desafio desta semana dos Urban Sketchers Portugal, visitei a V Exposição do Automóvel Clássico do Barreiro. Veio mesmo a calhar. Aproveitei para ver com mais atenção o design e algumas curiosidades de carros que normalmente não vemos nas ruas. Desenhei os mais velhotes, um Ford e um Swift (não conhecia a marca) dos anos 20.





Estes dois seguintes foram os que eu mais gostei. O primeiro carregado com cestos, malas e até um caldeirão, preparado para as grandes viagens nas estradas de Portugal, décadas atrás. O segundo porque gostei do comentário de uma rapariga que falou do pesadelo que seria para o estacionar. O cadilac era mesmo bem comprido. 


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

X Encontro Usk - Rua Augusta

O encontro dos Urban Sketchers de sábado correu muito bem. Estavam 76 inscritos e apareceram mais de cem desenhadores. Gostei do convívio, de trocar impressões e principalmente pelo ambiente que a rua Augusta proporciona num fim-de-semana.


Estávamos espalhados desde o Rossio ao Terreiro do Paço. Eu fiquei com o edifício do Millennium, na esquina com a rua da Conceição. Aproveitei a montra da Zara para me sentar e me proteger da chuva que ainda chegou a caír.
Foi engraçado perceber a reação de alguns turistas. Um casal perguntou-me o que se passava e alguns do "sketchers" ainda foram fotografados. Houve ainda o caso de uma das desenhadoras ter sido abordada por um arquitecto espanhol que lhe pediu o caderno emprestado e desenhou o arco da rua Augusta.
Boa disposição, reconhecimento de algumas caras por detrás dos nomes e no fim a troca de cadernos para ver diferentes opções e diferentes técnicas.
Ainda fiz alguns desenhos de turistas que passavam e tiravam fotos aos eléctricos. É uma rua que motiva a captar figuras humanas. Venha o XI encontro dos Usk.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sábado - Rua Augusta - 15 horas

Mais um encontro dos Urban Sketchers Portugal. Sempre agradável rever algumas caras e os cadernos com desenhos. Desta vez o desafio é desenhar uma fachada, atribuída por inscrição, dos edifícios da Rua Augusta. Do Rossio até ao Terreiro do Paço, um desenhador para cada fachada.


Penso que neste momento já não haverá fachadas sem desenhador. Vai ser divertido e espero que não chova. Muito.

Mais informações aqui

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Tintim voltou a ser Tintin

Na passada terça 28, foi feito lançamento das novas edições do Tintin pela Asa. Os livros vão saír com nova tradução e novo formato. O lançamento foi feito na loja Tintin na Avenida de Roma em Lisboa. A loja fica na no piso inferior do café.
Fui lá nesse dia mas por volta das 19h30. A apresentação tinha sido às 18h e o espaço estava com ar de final de festa. O café é agradável com quadros de desenhos do herói.


Desci à cave para conhecer a loja. Não é muito grande, mas acho que é o espaço indicado. Tinha muitas t-shirts com desenhos, alguns bonecos maiores e mais pequenos e os livros. Os livros novos e também outros para especialistas. Eu gosto muito do Tintin desde pequeno e tenho curiosidade em conhecer mais do universo Hergé. Já dissecaram a vida toda do desenhador e há livros muito específicos sobre a biografia e os detalhes da obra. Vi lá livros em francês e flamengo. Não sei se conseguirão vender nessa língua parecida com o holandês, mas acho que em francês ainda escapa.
Quando estava na loja, estavam dois senhores a debitarem toda a sua cultura tintinófila para cima de 2 raparigas que estavam na caixa. Eles não saíam dali e contavam inúmeros detalhes da obra. Fiquei a aguardar a minha vez de pedir informações, mas eles dali não saíam. Lá consegui chegar à fala com uma delas e depois de tirar a dúvida saí e eles continuaram. A paixão deles não os deixava ver o quanto estavam a ser maçadores.
Enquanto subia as escadas, reparei numa sala com todos os albuns expostos na parede. Perguntei se se podia visitar e uma delas disse-me que era o wc. Um dos homens ouviu e deu a ideia de mudar os quadros para as paredes do café. Já nem ouvi a resposta e saí do café.

Espero comprar alguns dos livros que irão saír porque gosto do formato e também porque não tenho alguns dos albúns. Recomendo também a leitura dos livros do "Quim e Filipe", também do Hergé.

Descobri também umas imagens magníficas com os estudos de hergé para as páginas de 2 dos livros.



Site oficial: http://www.tintin.com/
Site do museu do autor: http://www.museeherge.com/
 
Desenhos daqui e daqui.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Desenhos de todos os dias #2

Mais um no barco e é do final de Agosto. Ainda vou ter saudades do calor.
As mangas curtas e as alças começam a rarear.

Tenho de começar a apontar as cores. Ainda consigo fazer algumas de memória, mas há dias que a inspiração sai melhor e outros em que a minha cabeça circula pelas margens do rio. Outras vezes pego nas leituras da Ler ou da Visão. Mas tem sido uns dias agradáveis para desenhar.


O caderno que uso neste momento, comprei numa papelaria da rua do Ouro e ainda é de fabrico artesanal. Estou a gostar do caderno. As folhas aguentam bem as aguarelas.

E no próximo dia 9 de Outubro há o X encontro de Urban Sketchers na rua Augusta, em Lisboa. O desafio parece-me muito bom. Pelas 15h estarei por lá.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Desenhos de todos os dias

Começando as aulas, recomeça a vida da sociedade. Como se os dias estivessem em conserva e agora as pessoas voltassem ao trabalho com o aroma a picles. Felizmente o tempo está bom e ainda dá para uns passeios.
No barco reparo que há mais pessoas, o que para mim é bom. Mais poses para desenhar e mais distraídas a observarem-se uns aos outros.


Na semana em que sai o livro do ilustrador António Jorge Gonçalves Subway Life, com desenhos de pessoas que viajam de metro em cidades como Londres, Moscovo, Cairo ou Lisboa, é sempre uma motivação extra voltar ao caderno e desenhar o que se observa nas viagens diárias.

A entrevista do António Jorge Gonçalves no suplemento do Público, o Ípsilon.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Arte em Blade Runner

Este fim-de-semana encontrei à venda em DVD por 9,99€ (o preço mágico nos DVD's) a última versão do clássico Blade Runner. Parece que esta é que é a última. Estive a ver o making of e deu para perceber ainda mais sobre a qualidade do filme, especialmente no tratamento dado à fotografia, cenários e todo o ambiente.


É verdadeiramente um filme muito apelativo em termos visuais. A música dá um complemento muito forte e tem uma carga espiritual que necessita da nossa atenção aos pormenores dos diálogos e das imagens.


Fiquei a conhecer o talento do realizador Ridley Scott para o desenho. Passou para o filme o seu amor pela BD de ficção científica do Moebius e a experiência em publicidade. Quando pegou neste projecto, vinha de um filme excelente que também se tornou um clássico Alien. Enquanto no filme anterior, dominava a claustrofobia e o terror numa nave, neste filme é o ambiente urbano, confuso, sujo e chuvoso que é uma das personagens do filme.


Encontrei estes dois desenhos que as equipas com quem o realizador trabalhou, chamam de Ridleygrams. É nestes desenhos que ele procura transmitir o que pretende em termos visuais. E consegue-o. Um grande talento para desenvolver uma história, imaginar os ambientes e passar para um papel estes desenhos fascinantes. A Arte trabalha aqui num conjunto fabuloso.


Infelizmente, quando o filme ficou acabado, os produtores não entenderam nada da história e começaram a cortar tudo. Colocaram o Harrison Ford a narrar parte do filme e levou uns anos até o realizador voltar a pegar na sua obra e refazer como a queria de início. Felizmente para nós podemos ver este "Final Cut" de um filme belíssimo.

Foto daqui e sketches daqui.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Semana de férias.

De férias esta semana, aproveito para colocar um dos meus desenhos das travessias que faço no rio Tejo. Nas férias, a minha disciplina para desenhar fica mais relaxada. Tento aproveitar para o fazer nas esplanadas ou na praia, mas ainda não tive oportunidades com o tempo suficiente para dar colocar mais que meia dúzia de traços.



A ver se aproveito para colorir alguns dos que já tenho dessas travessias diárias. Tenho pena dos catamarãs não terem lugares no exterior, tem sido uns dias muitos bons para ver o Tejo, as gaivotas e o pôr-do-sol.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Frescura na memória

As temperaturas altas voltaram. De novo se sente o Verão depois de uns dias mais frescos e um descanso nos incêndios. Vamos ver como será o final do mês de Agosto.
Hoje senti aquele bafo quente à hora de almoço e ao final do dia o quente ainda agarrava ao corpo. Ainda me sentia assim quando chego ao prédio onde vive a minha sogra, entrei e nas escadas estava uma frescura com aquele aroma do cimento fresco.
Esse cheiro tocou-me na memória. Fez-me lembrar as casas alentejanas. As adegas, as cisternas (na foto, a cisterna junto ao castelo de Mértola) e todas as divisões de uma casa que se mantêm frescas no verão.
Estando a trabalhar todo o dia com o ar condicionado, sinto logo a diferença na frescura de uma casa preparada para a canícula.
Os antigos é que faziam bem. Em Espanha ainda usam as talhas grandes de barro, cuja porosidade permite refrescar a casa, mantendo-se junto a uma corrente de ar e colocando água dentro. Além de na andaluzia, as casas terem pátios que refrescam toda a casa. São conhecimentos que se perdem na feitura das casas novas dependentes do ar condicionado.

Também li hoje uma notícia sobre a utilização dos rebanhos de cabras para a prevenção de incêndios e desbaste do mato. Mais uma medida inteligente que vai absorver os conhecimentos antigos e que respeita a natureza.
Nos próximos dias iria saber muito bem dormir as sestas ou mesmo à noite, num quarto fresco dos antigos. Podia ser sem o cheiro do cimento fresco. Apenas a frescura.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Desertificação do interior


Estas fotos são da linha do Sabor, perto da última estação da linha do Douro, no Pocinho. A ponte está toda ferrugenta e a linha cheia de mato e as madeiras podres. É pena porque é uma viagem lindíssima e não há investimento para uma linha que ia até à fronteira com Espanha. As linhas vão fechando porque há menos utentes e que por sua vez vão ficando mais isolados no interior.


O interior está a ficar vazio. Na sexta passada li sobre o fecho de 701 escolas do ensino básico e parece-me que não vão ficar por aqui. Se não há população suficiente, não vale a pena manter escolas vazias. Mas a descida da natalidade e a saída para a emigração estão a começar a chegar ao litoral. Também vi na lista escolas que não ficam no interior, mas nos centros das cidades onde também vai havendo menos gente.
Por este andar, qualquer dia as faculdades vão a casa convidar os futuros alunos para preencher vagas. Não estou a ver grandes mudanças no futuro.

Recomendo este blogue com imagens das estações e linhas que já fecharam em Portugal. Uma aventura no interior do país.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Praias

Tem estado um tempo impecável para se estar na praia, especialmente dentro de àgua. Continuo a trabalhar, mas os fins-de-semana tem havido um tempinho para ir para a praia.


No domingo de manhã estava muito bom. Muita gente, àgua muito agradável e andei com os óculos e as barbatanas a ver uns peixinhos. Muita gente junta numa das praias da Arrábida. Há um ano atrás andava a desenhar pelas praias de Aljezur, com muito menos gente.



Gosto muito deste tempo de calma, uma certa moleza que permite observar, desenhar com mais pormenor, mais paciência para todos os detalhes. Os "modelos" ajudam mantendo as poses, tornando bem agradável o momento de desenho. Estes dois desenhos são do mesmo casal.

P.S. Continuo a fazer um esforço para seguir a série do canal Travel "Travel Notebook". Dos horários mais estranhos, tenho conseguido ver às quintas pelas 23h. A semana passada vi o excelente "Cuba" com a desenhadora Carla Tallop.

sábado, 7 de agosto de 2010

Sketchcrawl no Barreiro (Resultados)

No passado sábado 31 de Julho, realizou-se o 28th worldwide sketchcrawl. Eu organizei para o mesmo dia o 2º encontro de desenhadores do Barreiro. A divulgação foi insuficiente e em tempo de férias é mais complicado arranjar pessoas para participar.


Assim e depois de passear pelo Mercado 1º de Maio, fui até ao jardim perto da sociedade "Os Franceses" no velho centro do Barreiro. Muito sossegado, um final de manhã bem quente e deu para desenhar um pouco. A motivação não foi suficiente e apenas ficou este enquadramento da árvore e do coreto atrás.


É um jardim com uns 100 anos e cenário de alguns passeios em meados do século XX, a poucos metros da praia e do Tejo. Mas foi muito agradável o momento. O próximo encontro deverá ser em Outubro. Irei fazer uma melhor divulgação. Desenhadores no Barreiro acabarão por se juntar.

Mais desenhos meus no Flickr.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Verão Quente há 35 anos.

Comprei este mês a edição da revista Visão História sobre o Verão quente de 1975. Tive curiosidade de conhecer uma época de grandes lutas e de quase guerra civil em Portugal.
A revista está muito bem feita. Faz um relato dos factos entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975. Ainda é um pouco confuso compreender, por um lado por ainda estar fresco na cabeça dos mais velhos com todos os pontos de vista e fanatismos ainda presentes e por outro porque ainda vão surgindo mais factos e testemunhos que acrescentam sempre um pouco de pimenta à História.


Gostei muito de ler sobre um período em que as pessoas que passaram por ele não devem ter ficado com uma ideia do que se passou. Muita informação contraditória, muita ignorância, muitas culpas de vários lados e muito aproveitamento de oportunistas.
Numa das páginas, a revista apresenta um mapa do país com as legendas das revoltas e das estradas e auto-estradas. Parece que foi há 300 anos. As vias de comunicação eram rídiculas, as viagens demoravam horas e como era longe Lisboa ou o Porto do interior. 


É uma revista que aconselho a leitura a todos. Quem não sabe e quem não percebeu o que passou. Como lá é referido, Portugal foi naquela altura um laboratório da Guerra Fria. Os EUA estavam na dúvida no que isto se iria tornar.
Assim também me apercebo no enorme desenvolvimento que o nosso país teve em 35 anos. A memória é curta para alguns.

Fotos daqui e daqui.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Sketchcrawl no Barreiro

Mais um encontro de desenho no Barreiro, no âmbito da Maratona mundial de Desenho, a 28th Sketchcrawl no próximo sábado 31 de Julho.


No ano passado organizei o primeiro encontro no Barreiro e foi muito agradável com uns pingos de chuva à mistura. Este encontro promete calor e um belo passeio pelo centro histórico do Barreiro. As suas casas do início do século XX, os seus largos. Muito por onde desenhar.

Apareçam, com um caderno, caneta, pincéis, marcadores e o que se lembrarem. No próximo sábado.

sábado, 24 de julho de 2010

Travel Notebook de volta!

Fui apanhado de surpresa ao dar com um episódio da série "Travel notebook" no canal Travel. Esta série, sobre ilustradores-viajantes, havia passado neste canal há uns meses e não a tinha visto.
Agora voltou, mas em horários complicados. Os próximos programas:

Cambodja - Domingo 25/07 - 21h

Namíbia - Segunda 26/07 - 02h

Islândia - Quinta 29/07 - 19h e repete Sexta 30/07 - 00h.

Quem puder ver, aproveite para ver excelentes trabalhos de ilustração em paisagens e gentes que fascinam.
Neste vídeo vemos a ilustradora Elsie Herberstein na Namíbia.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

A outra festa em Espanha

Por estes dias a loucura em Espanha pela conquista do campeonato do mundo de futebol, está em todas as cidades e regiões. Na Catalunha andam um pouco contrariados e com razão depois da valente manifestação em Barcelona no sábado passado, pela decisão do Tribunal Constitucional sobre a Região como nação e a questão da língua catalã. Para o governo é um bom momento de promover a unidade do país.


Mas em Pamplona, as festas de San Fermin dominam esta semana. A loucura pela corrida à frente dos toiros e dias encharcados em vinho. Os americanos deliram com a fiesta.


Dão sempre fotos emocionantes e de várias partes da festa. Recomendo também a leitura do livro "O sol nasce sempre" do Hemingway. Li e gostei. O homem era um doido por estas festas. Alguns arriscam a vida.



Fotos daqui e daqui.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Ai Portugal, Portugal

E prontos, acabou-se a festa da selecção. Agora é tempo dos casos, do que ficou por dizer, do que ficou mal explicado. Mas, é tempo de passar à frente. Quem gosta de bom futebol ainda vai ter bons jogos pela frente. Outros, aproveitem as férias possíveis. Para quem fica a trabalhar nestes dias que vão ficando mais quentes, nada como falar dos aumentos. Dos impostos, claro.


Andamos um pouco como o nosso guarda-redes Eduardo, a esforçarmo-nos para que o país se desenvolva e de vez em quando sentamo-nos e refletimos sobre a vida. Fazemos um esforço para não chorar.
Hoje, aumentam as taxas de IVA, os transportes públicos e pensamos se será tudo ou mais uma fase.
Tenho visto que a falta de uma liderança segura leva a mudanças de táctica e isso descontrola-nos. As auto-estradas SCUT começam grátis, depois pagam alguns, mais à frente pagam todos e agora estamos a pensar que isentamos os mais pobres e tudo isso é atirado para Agosto, que é o mês mais "anestesiado" que existe.
Assim, só vai dar problemas. Em vez de unidade, temos equipas diferentes. Muita discussão, muita insegurança e no fim ganha a Alemanha. Parece futebol, mas é o nosso país.

Estamos neste momento entalados entre decisões, entre lideranças. Vale a pena carregar baterias nuns dias na praia, uns petiscos com os amigos. Bons projectos e novos líderes precisam-se para aguentar o Outono e o Inverno.
Volto a meio de Julho.

Foto daqui.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Pormenores junto ao chão.

Gosto de apanhar alguns pormenores durante a travessia de barco. Desenhar os pés, especialmente alguns sapatos ou sandálias, é um desafio. A curvatura do calçado, o modo como as pessoas colocam os pés, apresentam algumas dificuldades que vou tentando ultrapassar.


O acto de desenhar permite-me captar melhor alguns pormenores que normalmente me escapam. Já tenho visto mulheres de botas em dias quentes ou chinelos para ir para o trabalho. Algumas mais altas usam sandálias rasas e as bem baixinhas optam por alguns saltos bem grandes.
Nos homens a variação anda pelos sapatos de vela, ténis ou botas de caminhada. Vou praticando nos ténis que acho mais difíceis.

As mulheres reparam mais nos sapatos das outras mulheres, fazem comparações e tiram ideias para futuras compras. Com a chegada do verão, a atenção redobra e o esforço para manter a elegância é maior.
Mais interessante se tornam os desenhos e as expressões das pessoas que observam.

terça-feira, 22 de junho de 2010

O Verão já chegou.

O Verão chegou às 12h28, segundo ouvi na rádio. E chegou ao mesmo tempo que começava o jogo de Portugal. Começou bem para muito portugueses, que agora andam eufóricos com o resultado expressivo frente à Coreia do Norte. Penso que mais interessante será ver o próximo com o Brasil.
O jogo teve algo de cómico, especialmente no golo do Cristiano Ronaldo, mas mais ainda, as figuras de algumas pessoas que foram entrevistadas após o encontro.


A felicidade, a euforia na cara das pessoas. Um momento de alegria no meio de tantos gráficos financeiros descendentes e que faz ultrapassar todos os problemas. Bem, não pensamos tanto neles.
Além do jogo, gosto também de ver como reagem as pessoas, os diálogos, o olhar mais alegre. Vai ser conversa para uns dias, umas cervejas a acompanhar e milhentas análises sobre o jogo e os jogadores.
Os impostos sobem mais um pouco, voltam as séries e novelas antigas na televisão, mas vai estando um calorzinho agradável e a Selecção ganhou. Chegou o Verão.

domingo, 20 de junho de 2010

Saramago

Na sexta, ao almoço, vi a notícia da morte do escritor José Saramago. Mexeu comigo e lembrei-me das obras que já li dele. As mais antigas, que já andava afastado do autor há uns anos. Há pouco tempo comprei o "Ano da morte de Ricardo Reis" nuns saldos e ainda o tenho para o ler. Foi um escritor que deixou marca na minha memória literária, especialmente nas personagens de Baltazar e Blimunda no "Memorial do Convento" e da figura de Jesus no "Evangelo segundo Jesus Cristo".


Não concordava com algumas ideias dele, mas admiro a sua obra, o seu estilo próprio da escrita e a divulgação que fez da literatura Portuguesa a nível mundial, com a atribuição do Nobel em 1998.
Uma das maiores façanhas de Saramago, foi ter aproximado Portugal e Espanha culturalmente. É um cidadão Ibérico por casamento e por mentalidade. Deverá ser dos poucos a ter uma homenagem de igual importância em Portugal e Espanha.
Tenho um livro autografado e mais uns quantos que não surgem na imagem. Tenho de voltar a "Levantado do chão" um livro que está por terminar há uns anos e talvez com esta idade perceber melhor o "História do cerco de Lisboa" que também não terminei. Refiro ainda ao "Ensaio sobre a cegueira", livro que adorei e que me chocou na altura. Ficarmos privados de um dos sentidos e a sociedade se transformar com isso. Muito bom.
O escritor partiu, a obra permanece. Vou voltar a pegar nos seus livros.

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